quarta-feira, 1 de abril de 2020

Segredos milenares, de mais de mil anos, e mais do que mortais, sobre os pontos vulneráveis do corpo humano, cujo conhecimento pode tornar alguém ainda mais invencível do que um “inderrotável” samurai ou viking de rede social.


Cuidado e muita atenção ao ler este texto, pois ele faz referência a fontes fictícias verdadeiras, mas do conteúdo total há algo que se aproveite. Boa leitura!

“Na dinastia Xing-Ling, mestre Ku-shai Xang durante um intenso combate, num só golpe, usando os dedos indicador e mindinho atingiu a clavícula do general Chou Teipun, que o mandou direto para a sepultura, onde caiu só o esqueleto do mesmo, pois a sanha furibunda do mestre, concentrada em um único e lendário ataque lhe arrancou a carne dos ossos. Cinco mil anos depois, já na Roma dos Césares, o inesquecível acontecimento foi analisado por cientistas que conseguiram desvendar seu mecanismo. O responsável pela pesquisa, Dr. Robert Áinstain, disse que o golpe do antigo mestre deveria ter liberado a energia de 50 piaubilinas-lúmens, equivalentes ao necessário para regar a grama de dez campos de futebol, mas não recomenda que esse tipo de treino seja feito sem a orientação profissional adequada, pois pode ocasionar danos severos ao axis retroflexo do mediastino central, ocasionando óbito irreversível.”

Este trecho extraído de “A Arte Briga”, escrito há 20000 anos pelo marechal chinês Sen Tezon, relata o que acontece quando alguém é atingido por uma técnica secreta nos pontos vitais de sua imaginação. É daí para pior, podem crer.

Este outro trecho de irretorquível veracidade, extraído de “O Livro de Ouro Dourado da Mortal e Letal Definitiva Arte do Fu-den-dô”, destaca que:
“O poder para se tornar capaz de aplicar golpes invencíveis surge quando o discípulo, uma vez preparado com o mindset das coisas inverossímeis, consegue fazer retrofluir o ki para dentro do chi, ocupando todo o canto esquerdo inferior da kundalini. Se não der certo, experimente ficar rico pensando; tem chance de dar mais resultado, pequeno gafanhoto.”

Este humilde ensaio não é para falar das áreas realmente frágeis e susceptíveis de comprometer a funcionalidade do corpo e mesmo matar caso sejam danificadas. Não é preciso alinhar aqui quais sejam. Aliás, a vulnerabilidade e o “poderio” individual são muito bem expressos numa frase que ouvimos nos tempos em que treinávamos Ving Tsun (Wing Chun):
“A cabeça é de vidro, o corpo é de palha e a mão é de ferro”

Outra frase muito acertada escutamos certa vez de um querido amigo e instrutor aqui do K1307. Como também é instrutor de Krav-magá, exemplificou:
“Enquanto existirem olhos, traquéias, genitálias, joelhos e outras fragilidades no corpo haverá Krav-magá”

Resumida e validada a questão nas frases acima, o que sobra desse negócio de pontos vitais é assunto que faz a alegria da galera mais “entusiasmada”, tanto do lado da turma do “você sabia”, quanto do panteão dos “mestres" fajutos. 



Não é pouca gente que enche a boca para falar do quão letal é atingir pontos "vitais" (de acupuntura e acupressura) com golpes marciais (estes normalmente secretos, é claro), como se o coração fosse parar se alguém lhe acertar o ponto correspondente na sola do pé. Se assim fosse, bastaria calçar sapatos de EPI para prevenir cardiopatias. Pela mesma lógica delirante, quem é atropelado morre porque tem os chakras amassados, não por causas mais humildes, como traumatismo craniano, ruptura de órgãos ou hemorragias intensas.

Se você ainda está nessa de contar papo marcial no boteco, no colégio, no churrasco, ou se insiste em acreditar na fácil  letalidade de “certos golpes” em “certos lugares”, um conselho podemos te vender: Vá treinar uma arte marcial séria, numa escola séria, com professores e colegas sérios. E vá estudar! Sim, vá estudar qualquer coisa útil, que lhe propicie uma cultura razoável e lhe inspire o amor pelo conhecimento e pela leitura. Vá estudar e desenvolva uma curiosidade mais construtiva do que aquela alimentada por frivolidades. “Você sabia que há mais fios de cabelo na cabeça da morena da Guatemala do que os raios existentes no sol?” Haja saco!

Já houve e haverá mortes inesperadas e repentinas durante a prática de artes marciais diversas, assim como as houve e haverá no futebol, com seus choques e boladas fortíssimas; infortúnios, acidentes, erros, imperícia, imprudência, negligência. Raros mas podem ocorrer. E acontecem em escala microscópica, se comparadas aos acidentes de trabalho e acidentes domésticos fatais.

Verdade, também, que muitas técnicas são por natureza letais, originalmente feitas para despachar os inimigos em situações de beligerância, por isso o nome artes MARCIAIS, de Marte, o velho deus da guerra da mitologia romana. 

Embora haja uma enorme quantidade de técnicas matadoras nas diversas artes combativas, supor que o crânio humano é feito de gelatina, que a caixa torácica de isopor e que as vísceras são feitas de giz, a ponto de se romperem facilmente com "golpes lendários" e "dedadas" secretas é, no mínimo, fantasioso delírio. No mesmo sentido, os pontos de intercessão e fluxo de energia vital de certa natureza, que respondem positivamente e de forma determinante às técnicas terapêuticas, como a acupuntura por exemplo, não são “disjuntores vitais”, nem “chaves liga-desliga” que alguém pode tocar ou golpear com intuito de fechar o paletó do inimigo. 

Na mesma viajem maluca vai a turma que crê nos "apertões", aquelas "maravilhosas" técnicas dos pontos de pressão que, conforme comprovado por Naruto Uzumaki, causam paralisia e dor indescritível. Vai lá, street fighter, apertar o bíceps de um oponente que está puto com você. Peça a ele que fique parado deixando você pressionar. Antes, prepare-se para tomar porrada do avesso e do direito!

E quase íamos nos esquecendo de citar as estratosféricas, miríficas e tremebundas técnicas de "energia". Algumas, com certeza não colocamos em dúvida, vez que provêm de um conhecimento que se estende para além do trivial e não são o que o povo acha que são. Outras tantas, no entanto, são tão verdadeiras poderosas que se pode até ver a "energia" saltando, quando o "mestre" gira o punho, aponta o dedo e derruba quinze discípulos situados a três metros de distância cada um. Isso é possível sim, como demonstrou Son Goku ao conseguir se transformar em Super Sayajin. Dá pra perceber omo a coisa é séria.

Daria para analisar um volume enorme de situações hipotéticas, porque as ocorrências práticas, embora existam (garantem os Cinco Furiosos) insistem em não aparecer. Poderíamos perder uma enorme quantidade de tempo emprestando os ouvidos às pirações sobre lutas e golpes fantásticos, porque as conclusões do ponto de vista da Física, da Medicina e com alguma engenharia seriam mais que suficientes para dar cabo das inúteis canseiras, que ocupam os papos sobre “o dedo indicador mortal” do Dr. Shushuku Kawara, que foi proctologista antes de “virar mestre”. 

A técnica do dedo indicador mortal de Shushuku Kawara

Pensando um pouquinho mais... 

Você atinge o agressor com um tiro de arma respeitável em lugar “garantido”, ou com uma facada “certeira” e profunda em área vital, ou com um forte golpe com objeto contundente na cabeça e o indivíduo sobrevive e não raro volta a ter boa saúde. Diante dessas e outras eventualidades assombrosas, parece meio sem propósito vir com papo sobre “um amigo de um colega de um irmão de um cara que conversou comigo uma vez falou que conhece um cara que consegue matar uma pessoa só com um dedo”. Ora, todos nós conseguimos matar com um só dedo, bastando que entre o dedo e o oponente tenha um revólver, por exemplo. Que canseira dá essa história de golpe secreto mortal sobre pontos vitais! Isso insulta a inteligência de qualquer artista marcial sério, sem dúvida. 


Pontos vitais existem, todo munto sabe. O negócio é saber o que fazer com eles e como fazer, caso num confronto você tenha a chance de fazer algo contra as regiões vitais. Siiiiim, isso mesmo, repetindo: CASO TENHA CHANCE; SABER como… Veja bem… Tem uma certa região da cabeça, que se for ferido com certa maneira “desliga” o organismo para a morte imediatamente; o efeito é semelhante ao daquele tiro de sniper, disparado contra um espaço pequeno e específico da cabeça; o alvo cai de imediato, sem conseguir mexer um músculo. Entendeu? Já, batidas de mãos vazias PODEM derrubar (o que é mais comum) e, TALVEZ até matar (o que é bem mais raro); estão aí as lutas esportivas para provar esta afirmação.

Cada região vital tem um “código”, uma “linguagem” própria que gera efeitos. É de pouca valia achar que qualquer coisa que aplicar serve. Por exemplo, se aplicar um mata-leão na coxa do oponente, ou cortar o cabelo dele com um golpe de faca não vai dar certo, não é mesmo? Chave e fechadura...

Quando se trata de combate armado, há que se considerar que tudo é alvo útil, com efeitos mediatos e imediatos, embora nem todos os alvos sejam típicos pontos vitais. No mesmo sentido, arranhões e escoriações não são ferimentos sérios. Lembramos que o objetivo é interromper a capacidade operacional do adversário, seja temporária ou permanentemente, conforme o caso e as possibilidades. No caso das armas de fogo de porte (revólveres e pistolas), peculiaridades como potência, configuração de projétil, número de disparos efetivos, valores de balística terminal, etc, alimentam uma eterna discussão sobre danos e eficácia na desmobilização; isso grosso modo, pois, na prática, as variáveis podem ser reunidas no atingimento de órgãos vitais, grandes vasos e outras estruturas nobres (sob o prisma dos efeitos rápidos e imediatos) e na complicada variável, que é obter um enquadramento funcionalmente correto, numa situação de stress e muito movimento, o que explica duas coisas: a) tiro acerta em tudo quanto é lugar; b) os resultados são os mais imprevisíveis. Assim, por exemplos: o tiro da pistola, com munição 9x19mm jaquetada (full metal jacket) atravessa o peito do pé, que não é nenhum ponto vital imediato, mas compromete seriamente a mobilidade do adversário reduzindo suas possibilidades de combate e evasão, assinando-lhe o fim ali mesmo; um tiro com a mesma munição acerta a banda direita do abdômen, perfura o fígado do oponente, que continua revidando por um minuto e dá o fora correndo e encontra socorro mais adiante. Esperamos ter deixado um pouco mais clara a complexidade desses aspectos de regiões vitais com estes pequenos exemplos relativos a certas armas de fogo.

Excetuando-se a distinção técnica entre projéteis de alta e baixa velocidade, tudo o que não é tiro saído de arma de fogo, em termos absolutos, pode ser chamado de disparo, arremesso, ou golpe de baixa velocidade. Nisso se encaixam as flechas, setas, dardos, bumerangues, pedras disparadas por fundas ou manualmente, golpes de espada, de bastões, de faca, chutes, socos, tapas, mordidas e beliscões.

No mundo repleto de coisas que cortam, furam e batem (incluindo as mãos vazias) a questão das áreas vitais fica bem ressaltada, uma vez que as peculiaridades dessas armas e recursos fazem com que os danos resultem em severos ou mínimos, conforme sejam aplicadas. Como assim? Veja bem, entre levar na barriga um soco “profissional” e um tiro de calibre 22, qual você acha que pode fazer maior estrago? Não se trata de dor, mas de dano, lesão, machucado, destruição. Isto esclarecido, sigamos...

Um mui conhecido e consagrado Mestre de Artes Marciais Filipinas disse certa vez que “o bastão procura o osso, a faca procura a carne”. Esta frase sintetiza com elegância o que afirmamos acima, sobre o que fazer com essa ou aquela região vital, valendo o mesmo para pontos não-vitais, afinal, se alguém vem com uma faca e você fratura os dedos dele com um objeto contundente, tudo funcionou bem. Seria diferente se ele viesse com um bastão e você tentasse decepar os dedos dele com seu canivete de três polegadas esperando o bastão cair antes de rachar sua cabeça. É…, cada coisa tem seu lugar.

Espanando as lorotas, as suposições, as “inguinoranças”, as bazófias, as mendacidades, as imaginações delirantes, as fanfarronadas e muitas “mestranças” (sic) sobre regiões vitais do corpo, nossa humilde sugestão é que se considere como regra o uso de armas sobre as áreas vitais. Ações de mãos nuas, num contexto de vida ou morte, considere como subsidiárias (precedentes, de apoio ou transição para a ação armada), ou como último recurso, a não ser que você seja o Saitama (veja legenda da imagem abaixo). Para nós, como regra de defesa, “sair no braço” é coisa que não presta; é a derradeira camada do combate. 

Saitama, protagonista de "One Punch Man", treinou tanto que se tornou capaz de derrotar qualquer adversário com um soco apenas

Para encerrar, uma advertência: Se você quer que publiquemos uma lista de pontos vitais e como atuar sobre eles, aguarde até o final da eternidade, pois embora detenhamos alguma tecnologia no assunto, nos reservamos a distribuí-la nos círculos internos da família K1307, progressivamente, conforme o perfil, comportamento e desenvolvimento (global, não apenas técnico) de cada estudante. Afinal, nos causa repulsa dar upgrades e coisas sérias para babacas, valentões, esquentadinhos e outros tipos desequilibrados e malfazejos. Nesse assunto, em nossa casa os juízes somos nós, o mérito é a condição eletiva, que respaldamos pelos bons valores morais, pela legalidade e pela educação provida no lar. Não somos editores do “manual do assassino mirim”. A quem vive de acordo, nossas boas vindas para treinar conosco!

Até a próxima.

Forte abraço!

Mabuhay!