sexta-feira, 13 de março de 2020

Lançando uma luz sobre lanternas táticas

Pequenas, leves, fortonas...

Certa vez publicamos um ensaio sobre armas pequenas e contundentes (Um "monstrinho" para levar no bolso), no qual dedicamos algumas linhas às lanternas táticas. O que escrevemos no artigo referido foi isto:



“Essas, sim, são armas de "responsa". Além de úteis para iluminar, servem para cegar temporariamente o adversário, desorientando-o e dando oportunidade para evasão, ou para despejar nele uma chuva de pancadas.

Há lanternas para todos os gostos, necessidades e bolsos. Quando digo bolsos, me refiro aos preços, uma vez que grande parte delas é de bolso. Mas as lanternas táticas, por excelência, não costumam ser aquelas facilmente encontradas no Aliexpress, que prometem 200.000.000 de lúmens e 10.000 horas de bateria, por apenas cinco dólares. Não... Você pode até encontrar uma boa, mas dificilmente terá as características de uma lanterna tática propriamente dita. E quais seriam essas características...?

São robustas, sólidas, com potências realmente altas (800, 1000 lúmens ou mais), gastam bateria loucamente (muitas contam com modos econômicos e intermediários, para uso geral), podem possuir modo estroboscópico, muitas têm bisel (aquela borda para golpear), e muitas são adaptáveis a acessórios para acoplar em armas de fogo.

Quer comprar uma? Procure fabricantes de boa reputação, pesquise os modelos, assista análises no YouTube e prepare o bolso, pois uma lanterna tática de qualidade, mesmo sendo acessível, não é um item dos mais baratos. Existem umas de sessenta dólares e outras que chegam a mais de duzentos, todas muito boas.”
Pedimos encarecidamente ao amigo leitor, que anda pensando em comprar uma lanterna bacana e “porradeira”, que preste bastante atenção nestas observações, usando seu bom discernimento para não comprar gato por lebre:
“Mas as lanternas táticas, por excelência, não costumam ser aquelas facilmente encontradas no Aliexpress, que prometem 200.000.000 de lúmens e 10.000 horas de bateria, por apenas cinco dólares.”

Muitas dessas lanternas, de aparência “tática”, são boas utilitárias sim, eventualmente podem até “quebrar o galho” numa demanda de defesa pessoal, mas suas características meramente estéticas logo se revelam, na deterioração prematura, nas quebras fáceis e principalmente na potência muito aquém da prometida. Não existe esse negócio de milhares de lúmens alimentados por pilhas AAA ou AA. Reforçando, podem ser utilitárias boas e estilosas, mas não são genuínas lanternas táticas. Esperamos que este pequeno ensaio convença você a respeito e ilumine a questão um pouco mais.


No mesmo sentido do parágrafo anterior, muito cuidado com lanternas oferecidas por “grifes táticas”, isto é, por marcas conhecidas, respeitadas e de boa qualidade que fabricam vestuário, bolsas, calçados e que vendem – com sua marca – artefatos estranhos à sua linha de produção própria, como lanternas, sprays, etc. Óbvio que esses artefatos são adquiridos e revendidos com a marca famosa estampada. Neste caso, se você for fã de certas marcas (como nós somos), procure saber se o produto realmente apresenta as características de qualidade, potência e construção de uma verdadeira lanterna tática.



O que elas têm que as outras não têm:


Poder, muito poder é o que elas têm. Basicamente, os “ingredientes” das boas lanternas utilitárias e das táticas são os mesmos; o que faz a diferença é a qualidade dos componentes e a tecnologia de construção. E quais seriam as características de uma autêntica lanterna tática? Bom, vamos a uma breve descrição:



a) Rusticidade


Lanternas táticas, por mais sofisticadas em tecnologia que sejam devem ser pau pra toda obra, com alta tolerância a falhas, resistentes às intempéries, aos uso intenso e a “maus tratos”, NÃO podendo estar sujeitas a condições especiais de utilização, nem comportar fragilidades em seus componentes; têm que ser “brutas” e sem frescuras! Vejamos:


Corpo de alta resistência mecânica – Via de regra são feitas com ligas metálicas compatíveis com altos esforços, com destaque para ligas de Alumínio anodizado ou com pintura especial. Existem umas poucas fabricadas em polímeros de alta resistência, as quais não recomendamos (opinião pessoal) como lanterna de uso principal, especialmente se a potência real da mesma for muito alta, considerando que lanternas táticas “estabelecidas” (com cerca de 1000 lúmens) geram bastante calor. Claro que polímeros como Poliéster, em algumas de suas composições suportam temperaturas de mais de 100 graus célsius sem que (em curto prazo) alterem suas características. No mais, entendemos que o principal problema do uso polímeros para fabricar lanternas é a baixa dissipação de temperatura, quando comparados às ligas metálicas. E o aquecimento, conforme o tempo de uso contínuo da lanterna, pode deteriorar os componentes susceptíveis ao excesso de calor, como a bateria, circuitos e vedações. 


Resistência à água – Devem ser à prova d’água, suportando chuva e submersão em profundidade e tempo bem definidos. Esta característica é normatizada pelo famoso ANSI - American National Standards Institute, através das normas IPX7 (equipamento que suporta submersão de um metro por meia hora) e IPX8 (submersão contínua por mais de um metro de profundidade).


Resistência a impactos – O parâmetro de referência são as quedas, comumente consideradas de cerca de um metro de altura sobre piso de concreto, sem que haja danos ou quebra. Vale mencionar que esta característica é muito importante, considerando que muitas lanternas também são armas contundentes.



b) Simplicidade de operação


A maioria das lanternas táticas respeitáveis oferece opções de ajustes da luminosidade. Luz com intensidade variável, estroboscópica, com memória para modo preferido… Isto é para que a lanterna tenha mais utilidade diária, além do uso como armamento, aproveitando melhor a autonomia da bateria. Mesmo com tantas opções e benefícios o fundamental é que o acionamento da lanterna seja simples.


Não se deve considerar "tática" uma lanterna só porque tenha alta potência. Em termos de operação e acionamento há modelos utilitários compactos e potentes, que ligam e desligam torcendo alguma parte do corpo da lanterna, o que reduz a agilidade no acionamento.


Ainda quanto à simplicidade de operação, mais um “recurso” complicador e que deprecia a confiabilidade da lanterna é aquela regulagem telescópica de foco que algumas lanternas (a maioria “xing-ling”) apresenta. Você espalha ou concentra o foco deslizando a parte dianteira da lanterna. Lembre-se de que muitas lanternas táticas são – além de objetos luminosos de alta intensidade – armas contundentes. Ora, se a bagaça tem uma parte deslizante que tipo de arma sólida e confiável ela será? Pois é...



c) Autonomia


É o tempo de uso com carga plena de bateria em boas condições operacionais, que nas lanternas com ajustes de luminosidade vem especificado pelo fabricante. Lembrando que a energia acaba mais rápido nos modos mais intensos, que são voltados para defesa ou situações que exijam mais luz, e dura mais (às vezes bem mais) nos modos de baixa luminosidade.


Um conselho que vendemos a você é: Se comprar uma lanterna para fins de defesa pessoal e situações de emergência, considere como norma usá-la sempre na “alta”, ou seja, com toda potência, no modo “turbo”, com luz de “estrobo”, enfim, no que ela tiver de mais forte e agressivo em termos de emissão de luz. Assim recomendamos para que você não seja apanhado de surpresa por uma regulagem “econômica”, que você esqueceu de mudar, ou com a bateria já consumida pelo uso utilitário. Para uso geral adicione mais uma lanterna (comum) ao seu EDC, à sua bolsa, etc, podendo esta funcionar com pilhas comuns. Uma bateria extra também vai bem. Lembre-se: lanterna tática PODE ATÉ SER utilitária, mas antes de tudo É ARMA; logo, respeite-a e trate-a como tal.



d) Fonte de luz adequada


Podemos seguramente afirmar que lanternas de pequenas dimensões ganharam status de armamento quando os LEDs de alta intensidade se tornaram padrão de indústria. Antes disso, não havia fonte luminosa que emprestasse às lanternas a tão apreciada potência. Ora, aquelas “lampinhas”, por mais fortes que fossem nem de longe se comparam ao poder e à durabilidade do LED, que pode ser organizado em matrizes com várias unidades, alcançando luminosidades espantosas. As velhas lâmpadas também ficavam devendo na resistência a “trancos” e intempéries…



e) Potência


A boa literatura online (que não é facilmente encontrada na pobreza informativa da internet brasileira, onde uns repetem os outros) informa que a potência mínima de uma lanterna tática propriamente dita situa-se próxima aos 250 lúmens, emissão eficaz contra os olhos de um eventual oponente. Já o máximo de força de uma lanterna depende da sua necessidade, da portabilidade e, sobretudo, do poder de seu bolso.
Reforçando: Nunca, jamais e de maneira alguma confie em lanternas que prometem milhares de lúmens por uma merreca de grana; é papo furado; uma lanterna monstro, tipo a Imalent DX80 (32.000 lúmens) custa mais de U$300.00, pode ter certeza!



Aprofundando um pouco mais

Assuntos técnicos costumam ser chatos quando não se casam com nossos interesses, porém saber um pouco mais não custa, previne equívocos e nos dá mais liberdade de escolha em tudo; por isso sugerimos mesmo aos “não-nerds” que se familiarizem com manuais de instrução, fichas técnicas e históricos de utilização do que quer que seja que venham a adquirir. Voltemos ao assunto…


Desdobrando o conceito geral de potência, para que performance da lanterna fique melhor compreendida, consideramos como base as normas ANSI (American National Standards Institute) que, salvo engano quanto à data, estabeleceram normas para lanternas no ano de 2009, as quais foram adotadas internacionalmente por fabricantes diversos:



a) Saída (light output) – Numa definição extremamente simplificada, é a famosa e popular medida em lúmens, que indica a “quantidade” de luz emitida pela fonte.


Definindo com o jeitinho sutil da Física seria algo como: Unidade de fluxo luminoso adotada internacionalmente, definida como fluxo luminoso emitido por uma fonte puntiforme com intensidade uniforme de uma cândela, contido num ângulo sólido de um esferorradiano.



b) Intensidade máxima do feixe no espaço (peak distance) – Representa a intensidade máxima da emissão luminosa considerando-se a direção e a distância. A unidade de medida é a cândela.


Falando em "fisiquês": Cândela é a intensidade luminosa, numa dada direção, de uma fonte que emite uma radiação monocromática de frequência 540x1012 hertz e que tem uma intensidade radiante nessa direção de 1⁄683 watt por esferorradiano.



c) Alcance do feixe luminoso (beam distance) – Medida em metros da distância máxima que a mais intensa parte do feixe consegue iluminar.



d) Autonomia (run time) – É o tempo gasto para que a luz de 100% emitida na saída caia para 10% da luminosidade em uso contínuo.



O que mais é interessante saber?


Portabilidade – Tamanho é importantíssimo definir. Em se tratando de EDC, bolsas femininas e bolsos, não faz mal adotarmos como regra maior potência possível em menor tamanho. Sem dúvida, uma lanterna de 1000 lúmens que cabe no bolso confortavelmente não é nada mal. Mulheres preferem itens em versão compacta para carregar na bolsa, não é mesmo? Potência e portabilidade!



Fonte de energia – Enquanto lanternas utilitárias contam com variada gama de pilhas e baterias, equipamentos de alta performance demandam baterias bem mais fortes, que atendam a maior exigência energética. Lanternas táticas estão na categoria dos dispositivos de alta drenagem (high drain devices), por isto é comum que usem baterias modelo 18650 e outras do tipo (recarregáveis, valem mais a pena), ou CR123A (o par; mais caras).



Borda em bisel – Muitos modelos têm uma borda em ressalto, ou dentada, cuja função é dar porrada. Sim, para bater! Certos fabricantes afirmam que a borda é para “quebrar vidro de carro em caso de emergência”. Muitos canivetes têm uma peça em ressalto, no fundo, com o mesmo pretexto, “quebrar vidro”. Nas facas a coisa é mais assumida, sendo a tal protuberância chamada “skull crusher” (quebra crânio). Quebrar vidro… de carro, ainda… muito fácil na imaginação… experimente romper um desses vidros temperados ou laminados de carro.



Calor – Lanternas bacanas, batutas mesmo, com aquele corpo super de Alumínio, dissipam bem o calor e prometem desligar automaticamente depois de certo tempo, para evitar superaquecimento. Ainda não passei por um desligamento automático de lanterna, mas boto fé que ocorra antes de fritar...


Palpites e opiniões leves sobre algumas marcas

Antes de falarmos um pouco sobre marcas bacanas e estabelecidas, que tal combinarmos umas coisas?


1) Assumimos que lanternas táticas de verdade se encaixam nas descrições feitas até agora, o que pode ser confirmado pela literatura confiável na web (sites de outros países).


2) Sob o aspecto da luminosidade, consideramos como propriamente táticas aquelas cuja potência seja de 300 lúmens para cima, pelo acentuado efeito contra a visão do oponente.


3) Que o amigo leitor, com seu conhecimento e experiência, nos agracie com a ampliação de tudo o quanto foi dito aqui e da listagem a seguir; assim nós também poderemos aprender mais e deixar mais conhecimento disponível a todos.



Bom, dentre um razoável universo de fabricantes escolhemos citar os seguintes:


Olight – Amamos esta marca, que consideramos só virtudes com boa relação custo x benefício. Robustas e bem construídas, a marca conta com grande variedade de modelos, para todos os gostos, necessidades e bolsos. Atualmente, as nossas são Olight.



Sucessora da M1X Striker, esta é a Olight MR2 Warrior Pro - 1800 Lúmens

Para a amada "garrucha" - Olight MR2 Valkyrie PL2 Mini


Surefire – Antiga e estabelecida, marca de enorme prestígio que arriscamos reputar pioneira na produção de lanternas táticas como conhecemos. Produto fino. Se quer uma Surefire com precinho camarada…, pode esquecer.

Surefire Fury DFT - 1500 Lúmens



Nitecore – Vários modelos de lanternas e carregadores. Custo interessante. Até agora só vimos falarem bem da marca. Está na lista…


Nitecore P12 - 1000 Lúmens

Maglite – Veterana no mundo das lanternas de qualidade, conhecida pelos mais filmes mais antigos como aqueles lanternões usados por policiais, a marca não tem destaque no plano das lanternas táticas, contando com não mais de dois modelos que se aproximam da proposta aqui tratada. A Maglite decaiu do prestígio, igual telefones Nokia…


Maglite MAG TAC - 671 Lúmens (671...? Que número mais exótico, não?)

Fenix – É outra muito interessante, ao lado da Nitecore. Lanternas bacanas e bem reputadas, acessórios, baterias… Também está na lista.

Fenix PD36R - 1600 Lúmens


Imalent – Vai lá dar uma olhada. Ficamos até emocionados com o que esta marca oferece. Vai lá ver! Já está incluída no topo da lista para a próxima aquisição.



Imalent DM21C - 2000 Lúmens (tá no topo da lista)


Não poderia deixar de mencionar: Imalent DX80  - 32000 Lúmens
Ainda vou ter uma bagaça dessas! Que doideira! Olhem os reviews no YouTube.

Encontramos ainda outras marcas bem reputadas pelos sites especializados, embora nenhuma referência anterior tenhamos tido sobre as mesmas: Jetbeam, Lumintop, Klarus, Streamlight, Pelican…


Jetbeam JET2M - 1100 Lúmens

Lumintop ED20T - 750 Lúmens (tá na lista)

Pelican 7600 - 944 Lúmens (não sei o que dizer, mas tem uma cara boa...)


Labirinto das baterias


Anote aí: 18650. Este é o modelo das baterias de Lítio para a maior parte das lanternas táticas e para outros dispositivos de alta drenagem energética. Basta comprar uma e sair por aí iluminando tudo, não é mesmo? Mais ou menos isso...


O universo das baterias é um dos campos de forte atuação dos fabricantes mais obscuros, falsídicos e picaretas deste planeta. Em busca de uma boa bateria 18650 o que há de mais fácil é levar gato por lebre, pois é muito difícil saber qual bateria é boa e, dentre as de boas marcas, se é falsa ou não. Isso é causa de preocupação, mas não é coisa invencível, porque tanto as baterias falsas, quanto aquelas que (descaradamente) prometem muito e entregam pouco não deixarão de acender sua lanterna. O mais provável é que sua lanterna não chegue ao máximo desempenho luminoso, nem a autonomia de uso prevista. Ou seja, baterias de araque são, antes de mais nada, fracas. 


A começar pelo preço você pode perceber que algo está fora de ordem. A média de valor unitário de uma honesta bateria 18650 é cerca de U$ 20.00 nos bons fornecedores externos; logo, aqui nas terras tupiniquins, a mesma honesta bateria pode chegar a uns R$ 80,00, um pouco mais, um pouco menos. As baterias “xing-ling” são facilmente encontradas com preço a partir de R$10,00. E nessa história de preço, o que não faltam são fornecedores pilantras que vendem falsas pelo preço das verdadeiras.


Se você vasculhar a Internet em busca de informações para separar o joio do trigo, encontrará muita coisa útil. O YouTube é rico no assunto e pode ajudar muito.


Nos vastos domínios da fuleiragem que predomina no mundo das baterias, além dos falsários (que atentam criminosamente contra as marcas decentes) existe a fauna dos nebulosos fabricantes de “super baterias”, cujas potências sobrenaturais circundam a órbita de descarados 8000, 9900, 12000mAh (miliamperes-hora) e até mesmo espantosos 26500mAh! E tudo por preços entre dez e vinte reais. Essa força toda deve ser real em algum outro ponto da galáxia, mas aqui não passa de lorota. As baterias de boa procedência e boas marcas anunciam, quando muito, coisa de 4000mAh e um pouquinho mais. A média anunciada fica entre 2600 e 3200mAh. Mas elas entregam energia dentro do esperado, ao contrário das “poderosas” que nem passam perto, apesar dos números pomposos.


Direto das trevas industriais para nossas lanternas, por "apenasmente dez real"

Duas palavrinhas antes de encerrarmos o texto: 1) Baterias de Lítio carregam frias. Logo, se a sua esquentar durante a carga, algo está errado; melhor descartar. 2) Elas gostam de explodir quando invertidas no carregador, ou, como preferem dizer os fabricantes, elas podem “abrir em chama”.


Algumas marcas sérias (propaganda gratuita): Samsung, LG, Sony, Olight, Nitecore...

Link muito útil: Como identificar e escolher uma bateria 18650 original.


Por enquanto é só. Esperamos que gostem do texto.


Até a próxima! Forte abraço! Mabuhay!














sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Seminário Pekiti Tirsia Tactical Association 2020 BHMG

Uma rápida noção sobre Artes Marciais Filipinas

Considere alguém que tenha altas habilidades no uso de lâminas curtas e longas, bastões, armas contundentes diversas, somadas a habilidades de luta desarmada bastante diferentes do que você conhece. Esta é uma descrição, muito resumida, do típico praticante de Artes Marciais Filipinas, também conhecidas como Kali. Armas em primeiro plano, porque nos confrontos reais a vida, a morte e a preservação da incolumidade física são decididas, antes de tudo, pela força das armas. Não espadas milenares, nem lanças especiais ou itens com formatos mirabolantes de "grande valor cultural", cuja aplicabilidade nos tempos modernos é pouca ou nenhuma. Afinal, quem usa uma Alabarda, ou uma espada Claymore no dia a dia?


Faca de lâmina fixa, canivete, karambit, push dagger, facão, bastão fixo, bastão retrátil, dulo-dulo ou kubotan, soco inglês, e tudo o que sirva para cortar, perfurar, bater, incluindo artefatos mais modernos, como lanterna e caneta tática, dentre outros armamentos, encontram sua plena expressão e força sob a poderosa tecnologia de combate do Kali. Sobre as técnicas desarmadas pode-se dizer o mesmo, pois elas seguem padrões peculiares que visam potencializar ao máximo cada golpe traumático, imobilização e projeção.
  • Excelência em defesa e proteção pessoal? Sim.
  • Excelência na incapacitação permanente ou temporária de ataques e ameaças? Sim.
  • Excelência no controle e contenção de pessoas? Sim.
  • Aprimora de forma acentuada reflexos, coordenação motora, percepção espacial, ambidestria e agilidade? Sim.
  • Aprimora a percepção de segurança e aumenta o equilíbrio emocional? Sim.
  • O uso de armas reduz ou anula as diferenças de ordem física, sendo por isto arte de excelência em defesa pessoal para mulheres.
  • Outros benefícios? Sim.

Mas, não se trata de um esporte! Não é um esporte! 



Sobre o já tradicional evento anual

Um evento tradicional de uma arte que você (ainda) não conhece. Assim definimos nosso encontro anual com o Tuhon Jared Wihongi, que ocorre desde 2017 aqui em BH. Antes dessa data, instrutores e estudantes do Pekiti Tirsia Kali seguiam para outros locais do país, onde o Tuhon já percorria. Promovíamos muitos eventos por aqui, mas não de tamanho peso. A aliança formada pelas organizações CDP, Kali 1307 e Sagarana Kali (que há mais de uma década têm desenvolvido o Kali no Estado de Minas Gerais) possibilitou a inserção de nossa capital no circuito dos mais importantes eventos de Artes Marciais Filipinas que ocorrem periodicamente no território nacional, consolidando Minas como um dos centros de referência no setor.




O Tuhon (Mestre) Jared Wihongi, fundador de Pekiti Tirsia Tactical Association (PTTA) está entre os mais destacados instrutores Pekiti Tirsia Kali (PTK), tanto em seus aspectos tradicionais, quanto no âmbito tático, sendo também um dos mais consagrados instrutores operacionais e policiais do mundo. Pekiti Tirsia Tactical Association é a organização PTK que mais cresce no plano internacional, estando presente em cerca de trinta dos mais importantes países.

O seminário internacional anual é aberto ao público. É elaborado para proporcionar uma ótima experiência a todas as pessoas, desde quem nunca teve contato com artes marciais, até aqueles que já se constituem mestres em suas respectivas artes. Homens e mulheres de todas as idades, civis e militares, operadores da segurança pública, professores de artes marciais que desejam enriquecer seus conhecimentos com perspectivas de combate armado, pessoas que já compreendem as doutrinas de defesa pessoal como sendo parte indispensável de uma boa educação para a vida, gente que ama aprender coisas novas e interessantes.

Participe! Inscreva-se! Junte-se a nós! Treine Kali!











sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Letal, ou não letal, eis a questão...


Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre
Em nosso espírito sofrer pedras e setas
Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja,
Ou insurgir-nos contra um mar de provações
E em luta pôr-lhes fim?

Hamlet (William Shakespeare)


- I - 
As pessoas que vêm ter conosco, seja como estudantes curriculares, seja nos cursos e nos seminários, volta e meia levantam questão sobre a natural letalidade das artes marciais filipinas, especialmente aqui no “nosso negócio”, o qual não contempla um aspecto competitivo ou esportivo sequer. Esse tipo de questionamento surge não porque a natureza letal do Kali mexe com as consciências, mas pelo fato de você, leitor amigo, estar aprendendo “uma coisa que mata”. Daí, senhoras e senhores, eis que se abre uma porta para o mundo das confusões que jaz no íntimo de cada criatura! Vamos ver se conseguimos lançar alguma luz sobre esse tipo de dúvida que quase todos carregamos…

Como dito acima, o que em princípio parece ser um problema, um drama de consciência, uma ameaça a uma série de importantes “instituições” das almas mais evoluídas, educadas no lar, espiritualizadas, que possuem um senso moral calcado no bem de todos, que valorizam o conhecimento, o trabalho e uma vida correta, não é fato das coisas letais e “perigosas” em si mesmas, uma vez que essas não constituem uma violação (virtual ou real) do que quer que seja dentre as mais altas virtudes da vida. O que é comum ocorrer é uma sensação desagradável no plano das emoções, que provém da “afronta” que a ideia de aprender algo letal impõe sobre partes de nosso modelo de mundo, esse conjunto de percepções fixas em padrões, espontâneas ou adquiridas, resumidas numa negativa “opinião” íntima sobre “aprender algo que mata”.

Observe bem: “aprender uma coisa que mata” e NÃO “aprender a matar”. Percebe a sutil diferença? Consegue perceber que, embora guardem semelhanças aparentes, as frases produzem impressões diferentes em você? Responda… Mas faça o seguinte para responder: Não busque “a explicação”, “o porquê”, pois esta seria uma racionalização e um ponto final insatisfatório, assumindo que o “porquê”, embora funcione como justificação racional, legal, moral, permissão consciencial, autorização interna, não tem o poder de fazer com que você compreenda algo de verdade. Abstenha-se das explicações e procure observar o COMO essas sutilmente diferentes proposições impressionam você. De que maneira elas confrontam e contrariam algo dentro de você? Como uma pode ser mais confortável (e aceitável) que a outra? Busque, de espírito desarmado, compreender quantos aspectos lhe vierem à mente, como cada uma uma das duas ideias mexe com suas emoções, e tudo mais que puder descobrir. Então, aí sim, a probabilidade de obter uma resposta muito boa, autêntica e satisfatória passa a ser grande, sem que você precise inventar desculpas (conscientes ou não) para experimentar coisas novas e produtivas, aqui, no caso, para continuar a estudar o Kali com o prazer e a alegria que o treino lhe proporciona.


- II - 
Nossa proposta é (e, com a Graça de Deus, sempre será) prover Educação, em aspectos que hoje são largamente negligenciados, os ligados às relações interpessoais e os conflitos inerentes às mesmas, que podem facilmente chegar a extremos. Parece uma proposição psicoterapêutica, não é mesmo? E, de fato comporta algo de "terapêutico", no sentido de que muitos benefícios, em diversos setores da vida, surgem da prática e compreensão de uma arte de combate, como se verá no correr deste texto.

Aprender a falar e andar, ter boas maneiras e polidez, ler e escrever, aprender matemática, estudar a língua natal e outros idiomas, enveredar-se pela ciência, pela religião, pela arte, tudo edifica a alma humana. Nosso esforço de contribuição, aqui representado pelo Kali, não é o de vender nossa arte, pois a adesão ocorre na medida em que alguém encontra no Kali um sentido mais forte e um caminho que possa preencher anseios de conhecimento em sua vida. O que “vendemos” agora é o conceito de que aprender a lutar, a se defender, a preservar a vida e a incolumidade própria e de terceiros é parte importantíssima, diríamos até fundamental, da educação.

Teorias contrárias, seja de natureza “ideológica”, política, religiosa, não nos interessam e, desculpem-nos, as reputamos argumentação falida. Quando o tema é a preservação da própria integridade e a de outros a quem nos caiba proteger, todas as crenças e convicções caem por terra. Caem não porque sejam apenas inúteis, mas porque não resistem à crua realidade dos fatos violentos, revelando sua plena inutilidade em meio aos mesmos. Ah, não é assim? Você é do tipo que “têm certeza” de aceitar até ser torturado até a morte, antes de pensar em ferir alguém? Bonito pensar assim, não? Então, tenha a bondade de estender a mesma convicção aos seus filhos, pais, cônjuge e entes queridos o mesmo favor, de aceitarem ter suas vidas ceifadas ou estigmatizadas por uma violência brutal, dolorosa e excruciante, caso o infortúnio se apresente a você… Não gosta nem de imaginar tal coisa, não é mesmo?


- III - 
Nos lugares onde a vida acontece, isto é, nos lares, nas ruas, etc, não têm eficácia os avanços da civilização, o aparato de segurança pública, o ordenamento jurídico com seus diplomas que “protegem” isso e aquilo. Esses mecanismos sociais só fazem efeito quando o estrago já está feito. Se a boa conduta não é espontaneamente exercida, o que lhe resta é a parte educacional que a maioria negligencia, que é saber se defender, com e sem armas. Não é com “ou” sem armas. É com e sem armas.

As pessoas são ótimas em se tornarem agressivas e violentas, mas são péssimas em saber debelar uma agressão ou ameaça. São refratárias (a quase todo tipo de aprendizado) e acomodadas por um atávico epicurismo torto sobre uma plataforma de preguiça; confiam nas virtualidades protetivas estatais e privadas, e se fazem “empoderadas”, esquecidas de que não adianta berrar, nem desfiar bravatas quando a coisa emborca. As forças de Segurança Pública não são onipresentes e a legislação criminal (de qualquer país do mundo) funciona melhor para “socorrer” cadáveres e ministrar o castigo depois que o estrago está feito. Numa situação crítica em que você caia só há três considerações válidas: a Misericórdia Divina, sua aptidão defensiva e o agressor. A aptidão defensiva é que, muitas vezes, materializa a Misericórdia do Alto. Sim, não apenas para combater, porém, no mais das vezes (temos experimentado) desviando você (que sabe combater) dos caminhos ruins que levam às contendas.


- IV - 
Educação é, dentre outras coisas, discernimento. Quem aprende “uma arte que mata”, geralmente aperfeiçoa o próprio discernimento e passa a perceber melhor quando não seja necessário fazê-lo, quando se possa usar outros meios para evitar ou debelar um conflito, quando se chegue ao extremo e não haja outra alternativa. Lucidez é uma palavra que ilustra isto que dizemos. Eis alguns resultados dessa educação: abrir os olhos para o real valor das coisas que nos cercam; ter mais serenidade e segurança no trato com o próximo; aprender a perdoar mais e com mais sinceridade; renunciar às migalhas e ninharias pelas quais os estúpidos disputam até a morte; viver com mais tranquilidade, mais fé no bem e no amor; ter menos medo de viver; ser mais responsável pela própria conduta, pois o poderio adquirido exige ponderar e medir cada decisão e ação.


- V -
Sentimos muito informar, mas TODA arte marcial mata. Todas são feitas para matar, originalmente para guerrear, sem exceções; por isso se chamam marciais. E todas são mui educativas, não apenas considerando o que dissemos acima, mas todos os demais benefícios que de cada uma se pode obter no campo moral, comportamental, intelectual, espiritual, etc. Se muitas delas priorizam aspectos esportivos, e se outras renunciaram à sua natureza primeva é porque: ou se deterioraram, ou resolveram explorar outros aspectos da mesma educação tratada aqui, como o Muay Thai e o Jiu-Jitsu, artes que produzem gente com excelente têmpera moral, e que através do aspecto esportivo e competitivo transformam para melhor os espíritos mais indisciplinados, rebeldes, instáveis e debilitados. Isso é de um valor inestimável! E, ainda, desfiando mais um exemplo dessa educação a que aludimos, não podemos deixar de citar o Tai Chi Chuan, Kung-Fu cuja forte e eficiente marcialidade cedeu espaço ao cultivo da saúde através da harmonia do movimento. E por aí vai...


- VI -
Letal ou não letal, então…?

Quem pode mais, pode menos!

A natureza da arte; a natureza da arma, não importam tanto quanto importa seu posicionamento a respeito. Aprender Ninjutsu não torna você um ninja assassino. Aprender Kali não torna você um assassino ainda mais “assassinador”. Aprender a atirar não faz de você um ciborgue exterminador. Depende de você, do que pretende fazer com isso. Claro que se optar por sair por aí fazendo o mal, pode ter certeza que receberá a resposta adequada e ponto final. Viva pelo bem, do próximo, dos seus, de si mesmo e, caso o infortúnio venha aos seu encontro, quem dará a resposta adequada será você.

Ahhh…, mas você quer aprender só técnicas não letais, da mesma maneira pela qual se formou em medicina e se especializou em cirurgia sem suportar ver sangue.

Em termos de tecnologia marcial o Kali é 85% de muito estrago,10% de considerável estrago e 5% de pouco estrago. Acreditamos que assim não sirva para atender aos anseios de quem “precisa” saber se defender “preservando a integridade do oponente”.

Aí você resolve aprender uma arte mais conhecida, que talvez tenha o que você procura, por exemplo, o Jiu-jitsu. Que bom, você resolveu o drama da “matabilidade” do Kali, tão inconveniente para sua índole “da paz”. E tome treino forte de Jiu-jitsu! Então, você aprende mata-leão, triângulo, guilhotina, um monte de chaves cervicais e outras tantas coisas feitas para despachar o adversário, dolorosamente, para o buraco ou para uma vida regada à fisioterapia. E agora, como é que fica? Esse é o ponto em que você compreende que o "drama" da letalidade está com você e não com a arte, nem com a arma.


- VII -
Quem pode mais, pode menos!

Nossa modesta opinião é de que o melhor a se fazer, nesse campo educacional da autopreservação e do respeito mútuo, é aprender de uma extremidade a outra. Quer dizer que entendemos que se deve aprender algo que mata, algo para conter, algo para dissuadir. Até aprender a conversar direito ajuda. Quem pode mais, pode menos!

No âmbito da defesa pessoal, não advogamos o “desmobilzar” o adversário “preservando sua integridade” como necessidade de primeira grandeza, pois essa postura reputamos irreal, despropositada, irresponsável e até suicida. Exceto pela via da desistência do agressor, ou da dissuasão, pretender que ele saia ileso é ingenuidade, em nossa concepção de defesa eficaz.

É nossa postura institucional, pessoal e pedagógica, edificada sobre o ancestral e permanente princípio de que, ab origine, as lutas são inconvenientes negociações em que a vida ou a morte prevalecerão para um ou ambos dos lados; que o uso da força PODE e merece ser REGRESSIVO, na medida que o oponente se apresente mais ou menos danoso em potencial objetivo. E por potencial objetivo de dano queremos dizer que se o agressor está armado (mesmo que não tenha prenunciado o uso da arma), ou se o mesmo é mais forte (na aparência física ou em número), ele estará situado no nível extremo de repulsa, ou seja, apto a ser rechaçado com 100% de força letal. Se, por outro lado, se apresenta despejando uma chuva de insultos e bravatas, enquanto não progrida na agressão é considerado no baixo patamar de uso de força, ou de mera dissuasão. Ficou mais claro? Ótimo...

Quem treina “uma coisa que mata” certamente tem mais opções (não letais) do que quem só se aplica a aprender uma “coisa que não mata”. Lembre-se do noticiário e responda: Quem é que sai por aí matando por qualquer coisa, as pessoas treinadas ou as leigas com sua ferocidade natural? Quem sai mais por aí “fazendo merda” são as pessoas de boa conduta que têm artes e armas letais ou os “nervosinhos”, exaltados, “noiados”, “bebuns”, “frustrados”, “revoltados da vida”, baladeiros brigões, torcedores vândalos e outros tipos imbecis que há por aí com ou sem armas?

Reforçando: O treinamento de uma arte, ou de um conjunto de técnicas, sobretudo armadas, de natureza letal, não significa que sua natureza, pacífica e ordeira, será corrompida e transformada em algo selvagem, cruel e desumano. Significa que você vai adquirir um conhecimento que, sem dúvida, importará no aumento de seu poderio pessoal com benefícios e, por outro lado, exigirá mais responsabilidade e discernimento.


- VIII -
Uma palavrinha sobre armas ditas “não letais”.

Seria um sonho poder ter uma arma que detém, mas não machuca ninguém, não é? Existe uma que tem esse fantástico poder. No modo “atordoar” ele desmaia o alvo, que cai suavemente ao chão e depois acorda sem um arranhão. Quem é fã de Star Trek sabe, é o Phaser, aquela pistola de raios da galera da Enterprise. No modo letal, porém, o Phaser vaporiza até o CPF do agressor, sendo portanto uma arma 50% não letal e 100% fictícia.

Capitão Kirk já botou muitos inimigos para dormir com o Phaser no modo "atordoar"
No mundo real temos opções de armamento não letal que, por um no mínimo curioso entendimento por parte do Exército Brasileiro, é classificado para uso restrito (!). O mesmo que se dá com coletes de proteção balística; vai entender... Mesmo assim, vamos citar algumas armas “mais-ou-menos-não-letais-dependendo-do-uso”, ou “não letais”, porém sujeitas a imprevisibilidades que podem convidar a morte para o conflito. Vamos lá:

Taser – Você não pode ter esse tipo de arma, porque o Exército Brasileiro não deixa (talvez porque entendam que o uso civil pode dar início a um apocalipse zumbi). Trata-se de uma arma de choque elétrico que mostra um servição, pois costuma funcionar com êxito na maior parte das vezes, detendo sem necessariamente “letalizar” o alvo. De vez em quando o Taser não consegue derrubar alguns tipos de alvo, por motivos que são objetos de muitas indagações e especulações. E de vez em quando, também, o Taser conduz o alvo para o “lado de lá”, por provocar de falhas cardíacas e quedas com batida de cabeça. 

Há outros modelos com aparência menos alienígena, mas o que importa dizer é que essa bagaça funciona, mas é de uso restrito. Vai entender...


Stun Guns (Maquininhas de Choque) – Primas pobres do Taser, as Stun Guns são aquele tipo de arma não letal para o agressor, podendo ser letal para você, porque que vai o agressor puto por ter tomado um choque. Há quem diga que não, mas essas caixinhas elétricas são pura conversa fiada, pois prometem despejar no alvo a tensão de um raio com a amperagem de uma pilha palito. É um tal de 12.000 volts, 500.000 volts, 1.000.000 de volts pra cima e tome “poder”! E haja bizarrices no ramo das "poderosas armas de alta tensão": Lanternas que dão choque; bastões que dão choque; soco inglês que dá choque, dentre outras propostas "poderosas" das mais criativas. Saia fora dessa bagulheira!

Agora, para piorar as coisas e retirar de vez a credibilidade dessas "armas" de choque, imagine você agarrando o oponente para imobilizar e aplicando nele uma descarga com uma "arma" que dá um choque fortão. O que acontecerá? 

Mesmo que algumas sejam eficazes, não parece ser uma boa ideia usar essas engenhocas, por causa do eventual contato físico com o agressor...

Tão bizarro que nem comentaremos! Analise e chegue às próprias conclusões sobre este "poderoso" artefato. Saia fora dessas coisas loucas!

Lanterna que dá choque: Nem é uma stun gun de responsa, nem lanterna tática que preste. Aprenda a usar uma lanterna tática de verdade e esqueça essas coisas tronchas...



Spray de Gengibre – Já tivemos e testamos num “live action”. Não levamos em conta. Não comentamos. Não compramos mais.

Spray de Pimenta – Estes sim, fazem efeito. Existem uns com jato mais spray e outros com jato mais concentrado. Considere as condições ambientais antes de escolher um tipo ou outro de espargidor pois, suponhamos que você, esperando o semáforo abrir, sofra a abordagem de um maluco pedidndo “ajuda” com uma pedra, gargalo de garrafa, faca, ou na ameaça desamada mesmo. Você manda pimenta em spray e recebe metade de volta, pois está ventando… O jato concentrado, tipo esguicho, tem menos chance de se voltar contra você por força de fenômenos ambientais. 

Não letal, eficaz e funcional.


Caneta tática, dulo-dulo, soco Inglês (buku lima), blackjack – Como tudo que tem certa massa e serve para bater, a letalidade não é tão inerente à arma, mas ao modo de usá-la de maneira letal ou não. Essas armas causam danos consideráveis, mesmo que usados de forma não letal. Bons de ter e excelentes para uso com técnica correta. Saiba mais em "Um monstrinho para levar no bolso", texto em que tratamos dessas pequenas armas contundentes.

Escrever ou bater, eis a questão...

Dulo-dulo em um de seus inúmeros formatos e versões.


Mais versáteis do que a maioria imagina. 

Pequeno e pesado: Black jack em uma de suas várias versões. 

Lanterna Tática – Aí está uma coisa que a gente ama. A potência luminosa de uma “flash bang” (“bomba de efeito moral”) combinada com a rigidez de um dulo-dulo, faz da lanterna uma arma interessante. Considerada sob o aspecto da luminosidade fortíssima é uma típica arma não letal, muito eficiente, principalmente se a tática defensiva for a evasão. Muitas têm bordas em ressalto ou bisel, próprias para golpear o adversário, o que as torna semelhantes à caneta tática, ao dulo-dulo e outros instrumentos contundentes, podendo causar sérios danos. As lanternas táticas são de uma excelência ímpar quando usadas em conjunto com outra arma. Aí, letal ou não depende de você. 

Gostamos tanto dessa bagaça que temos e fazemos propaganda de graça do modelo. Há muitos fabricantes com produtos bacanas, que vale a pena conhecer.
Bastões (fixos ou retráteis), tonfas e outros porretes – Como as demais armas contundentes aqui relacionadas, podem se tornar facilmente letais, dependendo do uso, mas são das armas de impacto as com maior potencial de danos severos. 

Armas muito versáteis, eficazes e funcionais. Há para todos os gostos, necessidades e bolsos.

Tonfa... É.... Tem pra todo lado, né? Há quem goste...
Bastões podem nem sempre ser portáteis, mas vão do não letal ao letal. Até aquele fracassado do Negan andava com um porrete. Aqui em Minas Gerais chamamos de "pedadipau".


Chicote (em suas diversas versões) – Exceto o sjambok e aquele “açoite romano”, costuma ser doloroso e não letal, salvo se for aplicado como as antigas punições, que perduraram muito, como testemunha a história. Também, quem anda com um chicote por aí? 


Sjambok – Meio que chicote, meio que bastão, uma bagaça que pode ser ou não letal, mas que faz um estrago medonho onde acerta. O sjambok acelera muito com o movimento e contunde fortemente, podendo mesmo provocar lacerações. Quem anda com um? Eu ando, e dou a maior força pra quem quiser comprar um. 

Esse é da Cold Steel, feito em polímero. O sjambok é de origem africana e era feito de couro de hipopótamo. Era largamente usado na Africa do Sul, como arma para contenção de motins, nos tempos do tenebroso Apartheid.

Existe uma gama variada de armas “não letais”, algumas permitidas e outras não. Para nós importa mais que a técnica usada seja letal ou não letal, conforme dela se faça uso. Por isso achamos essa história de armamento não letal uma discussão que pode ser levada muito longe, pois como exemplificamos em alguns pontos deste pequeno texto, múltiplas e imprevisíveis variáveis podem agir durante o uso de armas ou técnicas inicialmente não letais, com efeitos colaterais indesejados, como a morte do oponente que deveria ser apenas controlado e contido.

Gostaríamos de falar sobre armas impróprias/improvisadas, pois é assunto que se encontra com o tema das coisas não letais, mas preferimos compartilhar esse conhecimento pessoalmente, nos treinos e cursos, pois temos uma abordagem bem interessante do assunto. A propósito, informamos que aqui, no Kali 1307, não gostamos desse negócio de “curso de armas improvisadas”, como aqui e ali se encontram oferecidos por “mestres reconhecidos por seu consagrado fodonismo”. Nós, não. Não somos mestres. Somos apenas uns jacus da roça, que não compactuam com esse tipo de comércio, por razões muitas, que não cabe declinar aqui. Mas, não se preocupem, pois na medida do possível, traremos para vocês conceitos bem úteis sobre o tema, para que as habilidades incomuns de vocês se expandam enriquecidas com vitaminas e sais minerais.

Até nossa próxima publicação, que será sobre as amadas (e viciantes) Lanternas Táticas.

Obrigado. Forte abraço. Deus os abençoe. Mabuhay!